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[FLIP] Zuenir Ventura para adolescentes

"Só dez por cento é mentira. O resto é invenção". A frase do poeta Manoel de Barros é a epígrafe do livro Sagrada Família que Zuenir Ventura está lançando nesta edição da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP).

Ele esteve na primeira edição da FLIP, em 2003, e agora está de volta para esta décima edição comemorativa. O escritor e jornalista de 81 anos conversou com os jovens na manhã deste dia 5 de julho, dentro da programação da FlipZona, voltada para o público adolescente.

Num clima de bate papo, o autor contou histórias curiosas de sua carreira, falou da sua relação com as novas tecnologias e deu conselhos aos jovens que queiram seguir a carreira de jornalista. "Não vou ser pragmático como o Nelson Rodrigues e dizer-lhes que envelheçam, mas o meu
conselho é: sejam humildes". Zuenir concilia os dois ofícios - de escritor e jornalista - e é em ocasiões como esta da FLIP que segundo ele, pode exercitar seu lado jornalista, já que também atuará como mediador numa das mesas da programação principal. "As pessoas costumam
achar que o papel do mediador é mais fácil. Mas é importante também saber perguntar".

Relembrando histórias das edições passadas da festa, Zuenir contou que ficou felicíssimo quando recebeu o convite para participar da FLIP em 2003. "Cheguei à cidade cheio de expectativas. Num certo momento, percebi que um grupo de pessoas começou a me olhar fixamente. 'Estão me reconhecendo', pensei. De repente, o grupo veio se aproximando e as pessoas diziam: olhem lá, é o Saramago! Foi o engano mais prazeroso da minha vida".

Quando questionado sobre a sua relação com os jovens e a participação na FlipZona, ele não fez rodeios. "Não quero parecer esses velhos sabichões dispostos a dar conselhos para a molecada. Quero conversar com eles de igual para igual e, para isso, é preciso seduzí-los. Estamos formando nossa classe de leitores aqui", enfatizou Zuenir.

O autor também participa, ao longo dos dias, de outras duas mesas na programação principal da FLIP. É mediador de uma mesa com Fernando Gabeira e Luiz Eduardo Soares sobre autoritarismo. No sábado, estará com Dulce Maria Cardoso e João Anzanello Carrascoza na
mesa "Em família". Além disso, é autor de dois capítulos do livro comemorativo sobre os 10 anos da FLIP, que será lançado pela organização do evento.

Sagrada Família é sua primeira obra ficcional, que ele mesmo define como um misto de memórias e ficção. "Algumas lembranças transformei em novas histórias". Daí a referência à frase na epígrafe da obra. Entre seus livros mais conhecidos estão 1968 - O ano que não terminou e
Chico Mendes, crime e castigo.Edit this block to edit the article content or add new blocks...